Era domingo, dia 3 de janeiro. Acordei às 4:30 da manhã, com forte inquietação. Suor escorria pelo meu rosto, demonstrando que eu não tivera um bom sono. Entretanto, eu sequer me lembrava o que eu havia sonhado. Fui para fora de casa com o intuito de pegar um ar e relaxar, mas acabei me angustiando ainda mais.
Havia um bilhete dentro de um cartão cinza que fora colocado ao lado da porta da residência. Abri prontamente o envelope e me deparei com uma mensagem um tanto estranha, com os dizeres:
“Fuja ou este será o teu último dia.”
Pensei que era algum tipo de brincadeira de péssimo gosto. Joguei o cartão fora e continuei
normalmente o meu dia. Tomei o café da manhã, escovei os dentes, me vesti e fui ao trabalho. As lojas estavam todas fechadas, com cartazes e fitas pretas, e não havia uma pessoa nas ruas. Estava completamente nublado, mas não chovia.
Depois de passar pelos vazios, escuros e silenciosos corredores do prédio, finalmente cheguei ao meu escritório. Nele, havia um mural com fotos de alguns momentos que eu tive. Alguns felizes, outros tristes. Alguns recentes, outros bem antigos. Mas o mais estranho era que eu não conseguia me lembrar quando havia colocado estas imagens no mural.
Por um momento, parei para refletir: não havia ninguém na rua, as lojas estavam fechadas, havia faixas e fitas pretas por toda parte, memórias e fotos no escritório… Foi então que, no meio de tanta escuridão, encontrei a luz da razão. A brincadeira de péssimo gosto, na verdade, nunca foi uma brincadeira.
* TEXTO ESCRITO PELO NENO